Conheço muito bem o João.
Desde cedo que o João nutre por si próprio muita admiração e simpatia. Toma um banho por dia, revela alguma tendência para a mitomania, para a mistificação e para o exagero.
O João, quando se olha ao espelho, descobre sempre algo de novo. Sente os privilégios que a mãe natureza (generosa e sábia) lhe soube em boa hora dotar, e sente o acentuado cheiro dos narcisos que lhe emolduraram um dia o berço, todo em ouro maciço feito por seu Pai.
Seu Pai e sua Mãe, embevecidos, o prepararam e embalaram assim para a vida.
Hoje o João faz o favor e dá-me a honra de ser seu amigo.
Por gracejo, por irresponsabilidade ou por ironia, o João inverte os factos, adultera assuntos e cria fantasias.
Confessou-me um dia o prazer que isto lhe dá.
O João mente descaradamente com a maior das audácias!
O João é um mistificador dotado de espírito de embuste!
O João é um pantomineiro!
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